08 outubro 2009

Arte terapia e Artesanato


A arte terapia e o artesanato

O artigo arteterapia como Recurso Eficaz no Ambiente Escolar, escrito pela Psicopedagoga Joana Maria Rodrigues Di Santo, tem sido bastante comentado .

Os produtores do programa Ateliê na TV, da Rede Mulher, também localizaram o artigo e ficaram entusiasmados com o tema, convidando sua autora a participar de uma entrevista, que foi ao ar no dia 16/03/2005, às 16h30, quando nossa diretora pôde explicar aos telespectadores o que é arteterapia e os benefícios do ato criativo, entre outras questões referentes à prática do artesanato.

Conheça os principais assuntos tratados no artigo:

arteterapia consiste na utilização da Arte como forma de expressão, consciente e inconsciente, do sujeito. Através da arteterapia a subjetividade do sujeito se manifesta, possibilitando fazer pensáveis os conteúdos trabalhados.


                Nossos sentimentos e emoções, pensamentos e esperanças, sonhos e desejos podem se revelar com muito mais facilidade através de imagens do que através de palavras para diversas pessoas, pois cada um de nós tem uma modalidade de aprendizagem. A modalidade de aprendizagem é como um idioma que cada um utiliza para entender os outros e fazer-se entender por eles.(1) E essas imagens serão interpretadas juntamente com o terapeuta, que auxilia o sujeito nesse processo de autoconhecimento e mobilização de recursos internos.

              Assim, a arteterapia lança mão de recursos artísticos em contextos terapêuticos (de tratamento) ou profiláticos, de prevenção de questões diversas, que variam desde estresse e depressão até inibição e dificuldades de aprendizagem.

             O arte terapeuta trabalha com o sujeito individualmente, ou com grupos, desenvolvendo práticas, dinâmicas, vivências que valorizam a Arte em todas as suas manifestações: pintura, escultura, música, desenho, teatro, poesia... Ao realizarmos uma atividade artística, não só interferimos na realidade, como também desenvolvemos competências pessoais que aprimoram a performance, o desempenho da pessoa, o que estabelecerá formas de comunicação entre o real e o imaginário, entre o pragmático e o sensível, transformando o ato criativo em expressão produtiva. Dessa forma, as pessoas aprendem a construir espaços de autoria; reconhecem-se como autores e desfrutam o prazer de criar, valorizando a invenção de coisas originais e não a mera repetição estereotipada; acrescentando detalhes específicos, comprovadores de que o criar nos faz humanos e nos leva a sair da lógica dual: melhor ou pior.(2) O sujeito artista/artesão aprende a relativizar; a perceber sua obra com diferentes matizes e cada uma com sua beleza única.

               As atividades desenvolvidas no processo de arteterapia permitem trabalhar, entre outras, a auto-imagem, a percepção da transformação, a superação de obstáculos, a estimulação da desinibição, que conduzem a uma sensação de integração com o mundo, instigando à resolução de conflitos pessoais. Conseqüentemente, ocorre um aperfeiçoamento na forma de comunicação do sujeito, consigo mesmo e com os grupos com que interage: família, escola, lazer... incentivando o desenvolvimento harmônico da personalidade; a construção de um ambiente saudável, com espaços de autoria que permitem ressituar-se diante do passado.

             O ato criativo se faz presente também no artesanato, onde a manipulação de materiais leva à necessidade de representação, à necessidade de produzir uma obra pessoal, característica.

            A criatividade está ligada à atividade artística e o artesão pode escolher e experimentar os materiais e as técnicas que melhor atendam às suas propostas de produção. O artesão vai vivenciar o processo criativo com todas as belezas e angústias que o envolvem.

           O artesanato pode ser entendido como oportunidade para a pessoa se expressar e descobrir as próprias aptidões; oportunidade de autoconhecimento e valorização das manifestações artísticas. Com o artesanato, a pessoa desenvolve habilidades com as mãos e, principalmente, com o cérebro, dando lugar à criatividade através de diversos materiais, técnicas e procedimentos. O artesão vai criar, aproximando idéias e materialidade. Vai dar forma, vai dar vida à sua idéia e, com isto, está exercitando a mente, prevenindo problemas com a memória, principalmente no caso de indivíduos da melhor idade, além de relacionar-se com pessoas com as quais tem afinidade, tem interesses comuns, o que melhora, inclusive, o humor, afastando o isolamento. Pode, ainda, transformar esse hobby em atividade que lhe traga remuneração, pois os produtos artesanais têm excelente aceitação no mercado. Basta nos lembrarmos dos artesanatos regionais, por exemplo, o das rendeiras do Nordeste, que mantêm a casa e a família com seus produtos artesanais, que têm sido exportados com excelentes resultados.

                  Os benefícios de se dedicar ao artesanato no dia-a-dia atingem praticamente todas as pessoas interessadas, uma vez que o trabalho manual gera introspecção, concentração e reflexão. Enquanto desenvolvem um trabalho manual, as pessoas ficam calmas, atentas, com os olhos focados em sua produção, acompanhando criteriosamente o resultado de cada passo realizado. Durante esse processo sentem-se importantes, capazes e amadurecem, convivendo melhor consigo mesmas e com o grupo.

Referências Bibliográficas


Fernández, Alicia. A inteligência aprisionada: abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990

2 comentários:

  1. Gostei muito de ler este artigo, pois trabalho com oficinas de arte, artesanato e reciclagem na recuperação de dependentes quimicos em um serviço público há 3 anos e os resultados das oficinas são maravilhosos.
    As atividades artísticas são fonte de aprendizagem, possibilitando ao sujeito tornar-se confiante, em si e no outro, na busca da concretização de seus objetivos de vida pessoal e profissional. Ou seja, nos espaços das oficinas é possível acompanhar o processo criativo dos usuários, oportunizando capacitação e inclusão social, por meio do incentivo às produções. Mas, também, no alívio de tensões e no desenvolvimento de estratégias contra a fissura, exteriorizando suas alegrias, temores, frustrações, angústias e fantasias.
    No ato de criar uma obra artística ou artesanato o sujeito trabalha, entre outros aspectos, o equilíbrio psicológico, o que colabora no despertar de valores, transformações de crenças, no desenvolvimento motor, intelectual e social auxiliando no crescimento afetivo, psicomotor e cognitivo. Isto gera o prazer da descoberta, de formas mais satisfatórias de se expressar e desenvolver o autoconhecimento e a auto-estima. Trabalhando sobre os aspectos saudáveis estimula-se o sujeito para que se perceba em seus aspectos positivos, mas, também, em suas dificuldades. Competente para buscar formas novas de interação com o mundo, enfrentando os desafios da vida com criatividade. A criatividade, que é esse potencial humano que, nos múltiplos encontros com a vida, vai se revelar e desabrochar. Neste sentido, se pode afirmar, que uma vida plena e saudável é uma vida criativa.

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  2. Sou arte terapeuta e trabalho na recuperação de dependentes quimicos com arte, artesanto e reciclagem. Os resultados são surpreendentes. Para mim isso é "arte terapia" pois tenho como foco em todas as atividades todos os objetivos da arte terapia. Muitas pessoas são contrárias a esta minha postura, portanto fiquei feliz em encontrar este artigo. Estou escrevendo um trabalho sobre a relação da arte terapia com o artesanto e gostaria de saber de vocês podem me indicar algum material.
    Podem conferir o meu trabalho no meu site
    www.sm.giachini.com

    Antecipadamente agradeço
    Sandra Meyer

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